Se eu perguntasse a vocês quantas vezes seu coração bateu até hoje... Vocês saberiam responder? Essa pergunta seria difícil? Ou então, se eu perguntasse (para aqueles que dirigem) quantas vezes você já abriu a porta do seu carro desde que comprou? Seria fácil?... Quantas vezes você se olhou no espelho no ano passado? Essa é no mínimo curiosa... Qual chance de alguém na sua cidade sair para um passeio, vestida exatamente igual a você e vocês se encontrarem?
Perguntas como essas num primeiro momento nos parecem estranhas e pouco úteis (algumas até podem realmente ser) mas elas, em um segundo momento, atiçam nossa curiosidade de tal forma que mesmo não sabendo ou não querendo responde-las gostaríamos de saber suas respostas.
A arte de perguntar e responder move o mundo... A ciência, a arte, a filosofia, tudo... Indiscutivelmente, ambos têm seus méritos... Sem as perguntas não haveriam as respostas... e de que valeriam as perguntas cujas respostas são inúteis?
Acredito que poucos de vocês já se perguntaram ou até mesmo foram perguntados sobre temas similares aos expostos no primeiro parágrafo. Estimar respostas para esse tipo de pergunta “torta”, “excêntrica” e diferente não está no nosso cotidiano, mas ninguém discorda que o assunto é curioso.
Estou lendo um livro (ainda não o terminei) bem interessante, a começar pelo nome Freakonomics que não possui uma palavra análoga em português, mas quebrando-a em duas quer dizer “ECONOMIA EXÊNTRICA”.
Já na capa aparece uma figura bem interessante, uma maçã verde que por ter uma fatia cortada deixa transparecer seu interior, que curiosamente não tem aspecto de maçã e sim de uma laranja. O subtítulo corrobora bem com essa imagem: “ O lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta”.
O autor é um jovem economista que utiliza as ferramentas da estatística para responder perguntas completamente inusitadas. Estabelece conexões aparentemente incongruentes para problemas já respondidos por métodos convencionais.
Dois dos capítulos começam com as intrigantes perguntas: ” O que os professores e os lutadores de Sumô têm em comum?” e “Em que a Ku Klux Klan se parece com um grupo de corretores de imóveis?” Aparentemente em nada, mas vendo mais a fundo...
Recomendo a leitura e mais que isso, convido todos a refletir no poder que as perguntas possuem e mais ainda, em como é gratificante dar resposta a algo onde não existe um gabarito...
O interessante é que querendo todos nós podemos (mesmo que em nível mais baixo de excelência) responder inúmeras dessas perguntas.
Imagine quantas perguntas estão sendo respondidas de forma “errada” na nossa sociedade por nossos aclamados “especialistas”, e quantas deveriam ser feitas e ainda não foram? Quantas respostas ainda não surgiram?
Algo triste e interessante acontece se você fizer uma pequena pesquisa de campo com seus conhecidos, aonde a enquete engloba algumas dessas perguntas excêntricas ou até mesmo algo mais simples, como: Quantas folhas existem na árvore em frente a sua casa? Ou no seu quintal? Ou algo do tipo? Alguns podem até achar as perguntas meio inúteis e por isso não querem responde-las, mas pelo o que constato, a maioria faz isso para não transparecer algo muito triste: Muitas das pessoas não gostam de pensar. É isso mesmo, PENSAR! Muitas se dizem cansadas e outras sem tempo e algumas outras, se vislumbram com a pergunta por achar que a resposta é inalcançável. Mas a verdade é clara, a maioria não gosta de pensar, de resolver um problema.
Meu circulo de convivência não está restrito apenas a físicos, matemáticos e cientistas em geral. Vez por outra, esbarro com algum amigo ou conhecido que às vezes é até um acadêmico, mas que, ao saber que faço física (como já disse, não Educação Física), logo faz cara feia e diz que deve ser difícil porque tem que pensar muito.
Já faz muito tempo que percebo isso em muita gente e para minha tristeza também não me sinto isento desse mau-hábito terrível.
A meu ver, esse problema crônico tem raiz no nosso sistema de educação que, desde pré-escola até a universidade, praticamente só nos instrui a responder perguntas modelo, que já possuem uma resposta modelo. Somos educados a responder padrões já conhecidos e quando chegamos na pós-graduação temos dificuldade de apresentar um trabalho original.
Não quero tentar responder o porquê das pessoas não gostarem de pensar... Apenas exponho aqui minha opinião.
Parte da indisposição a responder algo desse porte, admito, deve vir do medo de não conseguir responder, quero dizer, o medo da “inferioridade”. Mas, nesse caso, esse medo não se justifica, pois nesses assuntos não existe um gabarito, todos que tentam responder estimam uma resposta, não emitem um veredicto da verdade. Daí brota minha opinião. Muitas pessoas não gostam de pensar e não gostam por causa da sua formação. Digo formação por que incluo desde o pobre humilde que não teve a oportunidade de estudar porque trabalhou desde a infância e por isso não tinha tempo para esses luxos, até o médico que de tanto decorar músculos e sintomas de doenças, não vê mais cada paciente independentemente e sim padrões.
Assim, caros leitores, convido vocês a pensar. Pensar bastante... sempre que for possível pense e dê a sua resposta, formule a sua pergunta e seja original...saboreie as suas idéias e exercite sua criatividade.
Sei o quão presunçoso e agressivo isso pode parecer, mas não é o que parece... esse convite também serve para mim, que também fraquejo, assim como todo mundo, e desisto de pensar em certas horas .
Atualmente, vivo, parcialmente, a situação da originalidade. Começo esse ano a escrever minha dissertação. Algo que ainda não se perguntou sobre um tema de magnetismo e que eu espero responder. (Coloco parcialmente, porque a pergunta não foi minha e sim do meu orientador).
Pensar sempre não é fácil, certas horas queremos ligar o piloto automático e só viver da rotina... Mas, responder algo insolúvel a primeira vista é tão prazeroso que só a possibilidade de poder fazê-lo já vale à tentativa... Os praticantes logo perceberão...
É isso, caros leitores, se lhes coube a carapuça: sem preguiça na hora de pensar! Se não, me respondam: Qual a semelhança entre uma criança com um chinelo do Homem-Aranha e um adulto com a pulseira do POWER BALANCE?